Tártaro: O Vilão Oculto Que Pode Afetar Sua Saúde Sistêmica e Como a Ortodontia Pode Ajudar

Tártaro

O tártaro dental, muitas vezes negligenciado nas rotinas de cuidado bucal, representa uma ameaça silenciosa e progressiva que vai muito além da estética ou do hálito desagradável. Formado pela mineralização da placa bacteriana, esse depósito endurecido compromete não apenas os tecidos bucais, mas também se associa a diversas doenças sistêmicas de grande relevância clínica, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, Alzheimer e inflamações crônicas.

Com base em evidências recentes da literatura científica, é possível afirmar que há uma conexão direta entre a saúde bucal e a saúde geral. Por essa razão, este artigo propõe analisar, de forma aprofundada, os mecanismos de formação do tártaro, suas implicações sistêmicas e a forma como a ortodontia pode contribuir para a prevenção e o controle dessas complicações.

O que é o Tártaro e Como Ele Se Forma?

Antes de mais nada, é fundamental compreender que o tártaro, também chamado de cálculo dental, é o resultado da mineralização da placa bacteriana. Essa placa se forma naturalmente na superfície dos dentes após a alimentação e, quando não removida adequadamente, sofre calcificação devido à presença de minerais como fósforo e cálcio presentes na saliva. Consequentemente, forma-se uma camada endurecida, normalmente visível na região da linha gengival.

Uma vez constituído, o tártaro não pode ser eliminado por meios caseiros, como escovação ou uso de fio dental. Por isso, é imprescindível a remoção profissional através de procedimentos realizados por cirurgiões-dentistas.

Principais sinais da presença de tártaro:

  • Mau hálito constante
  • Gengiva avermelhada, inchada ou sangrando
  • Sensibilidade dentária
  • Presença de manchas entre os dentes
  • Retração gengival

Sobretudo, é importante lembrar que o tártaro pode se formar desde a adolescência, mantendo-se ativo por muitos anos se não for identificado e tratado adequadamente.

Tártaro

Tártaro e a Porta de Entrada Para Doenças Graves

A boca é a porta de entrada para o organismo. E é por isso que, muitas vezes, as doenças que começam ali impactam silenciosamente outras áreas do corpo. 

O tártaro não é só uma questão estética ou de mau hálito. Ele é, na verdade, um campo de proliferação de bactérias altamente agressivas. Essas bactérias entram na corrente sanguínea por meio das gengivas inflamadas e atingem órgãos vitais.

Consequências que Vão Muito Além da Boca:

1. Doenças Cardiovasculares
Conforme demonstrado por Tonetti et al. (2013), publicado no Journal of Clinical Periodontology, a presença de doença periodontal está associada ao aumento do risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Isso ocorre porque as bactérias orais aceleram o processo de formação de placas ateroscleróticas.

2. Diabetes Tipo 2
A International Diabetes Federation aponta que a inflamação gengival crônica interfere diretamente na regulação da glicemia. Em contrapartida, indivíduos diabéticos também são mais suscetíveis à doença periodontal, criando um ciclo vicioso de comprometimento metabólico e imunológico.

3. Doenças Neurológicas
De acordo com pesquisa publicada na Science Advances (2019), foram encontradas cepas da Porphyromonas gingivalis em tecidos cerebrais de pacientes com Alzheimer. Tais achados sugerem uma forte correlação entre infecções bucais crônicas e processos neurodegenerativos.

4. Inflamação Sistêmica e Obesidade
Diversos estudos indicam que a inflamação crônica provocada pela presença de tártaro estimula a liberação de citocinas como TNF-α e IL-6, substâncias ligadas à alteração hormonal, à resistência insulínica e ao aumento da adiposidade corporal.

Portanto, ignorar os sinais de acúmulo de tártaro é comprometer não apenas a saúde bucal, mas também o funcionamento equilibrado do organismo como um todo.

Por Que a Ortodontia é uma Aliada na Prevenção do Tártaro?

Muitos pacientes associam a ortodontia somente à melhoria estética do sorriso. No entanto, seu papel vai muito além disso. Aparelhos ortodônticos corrigem desalinhamentos, apinhamentos e maloclusões que, de outra forma, dificultariam a escovação e o uso adequado do fio dental.

Com isso, a ortodontia se revela fundamental na prevenção da formação de placa bacteriana e, por consequência, do tártaro. Além disso, avanços como os alinhadores transparentes removíveis (ex. Invisalign®) facilitam a higienização e proporcionam conforto durante o tratamento.

Tártaro

Entre os principais benefícios ortodônticos estão:

  • Redução de focos de inflamação crônica;
  • Melhoria na eficiência da higienização oral;
  • Menor frequência de formação de tártaro;
  • Prevenção de gengivite e periodontite.

Prevenção do Tártaro

Embora o tártaro seja um processo comum, ele é absolutamente evitável. A adoção de hábitos simples pode trazer impactos significativos na prevenção de doenças periodontais e sistêmicas.

Hábitos essenciais para evitar o tártaro:

  • Escovação correta após cada refeição
  • Uso diário de fio dental (sem desculpas!)
  • Visitas regulares ao dentista (a cada 6 meses)
  • Higienização da língua
  • Alinhamento ortodôntico, quando indicado
  • Controle do consumo de açúcar e cigarro

Leia mais: Sangramento Gengival: Como Dentes Mal Posicionados Podem Impactar Sua Saúde Bucal e Como o Tratamento Ortodôntico Pode Ajudar

Tártaro é Diferente de Placa Bacteriana?

Sim. A placa bacteriana é uma película pegajosa e mole que se forma constantemente sobre os dentes. Já o tártaro é o resultado da mineralização dessa placa. Ou seja, a placa é removível com higiene adequada. O tártaro, por sua vez, exige limpeza profissional.

Tártaro

O Que Acontece Se o Tártaro Não For Tratado?

Quando o tártaro é ignorado, a progressão é inevitável:

  1. Formação de gengivite
  2. Evolução para periodontite
  3. Perda de estrutura óssea
  4. Dentes amolecidos e quedas dentárias

Além das complicações locais, os riscos sistêmicos se intensificam.

FAQ (Perguntas Frequentes)

  1. O tártaro causa mau hálito?
    Sim. Ele é um dos principais causadores do hálito desagradável por abrigar bactérias que liberam compostos sulfurosos.
  2. A ortodontia ajuda mesmo na prevenção do tártaro?
    Sim. Dentes alinhados facilitam a escovação e reduzem pontos de acúmulo de placa.
  3. A raspagem de tártaro é dolorosa?
    Geralmente não. O procedimento é simples e pode ser realizado com ou sem anestesia, dependendo do grau de acúmulo.
  4. Tártaro tem cura?
    Ele pode ser removido, mas a formação é constante. A prevenção e a manutenção são essenciais.

Considerações Finais: Sua Saúde Sistêmica Começa Pela Boca

Após ler este texto foi possível compreender que cuidar do tártaro não é apenas sobre manter os dentes brancos. Mas, é sobre proteger seu coração, seu cérebro, sua longevidade. Afinal, a saúde bucal está diretamente conectada à sua saúde sistêmica, e o primeiro passo para garantir isso é estar consciente dos sinais do corpo.

Por isso, se você sente sangramento ao escovar os dentes, percebe mau hálito persistente ou já notou acúmulo esbranquiçado entre os dentes, está na hora de procurar ajuda profissional.

Então, agende sua consulta e comece hoje mesmo a transformar sua saúde de dentro para fora. Por último, não deixe de conferir outros artigos no nosso blog para aprender mais sobre a saúde bucal e outras doenças como o tártaro.

Escrito por Dra. Samanta Nigro CRO-PR 12242

Ortodontista Invisalign® Top Doctor Diamond, certificada pelo curso Invisalign by Instituto Maio e Fellowship em Alinhadores, é graduada em Odontologia pela PUC_PR (1999), especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUC-PR, especialista em Odontopediatria pela Associação Brasileira de Odontologia-PR e membro da Sociedade Paranaense de Ortodontia.

Fontes:

https://www.ada.org (American Dental Association)

https://www.ncbi.nlm.nih.gov (PubMed)

https://www.diabetes.org (International Diabetes Federation)